sábado, 25 de agosto de 2007

Menina dos olhos de lupa

A menina e a pergunta

Ah! Se meus olhos te encantassem você voltaria pra mim?

Se tu existiu e foi minha força, por que me abandonaste?
Ah! Se meus olhos não te cortassem você voltaria pra mim?
Eu não me importo de onde você vem, desde que você venha para mim.

-

A menina e a existência

Talvez não fosse eu aquele rosto sem face no espelho.
Talvez não fosse eu na rua
gritando em silêncio.
Talvez não fosse eu chorando sozinha na praça, sem pensar que o mundo olhava só pra mim.
Talvez não.
Talvez não fosse eu perdida na casa escura, enchendo o travesseiro com minhas dores.
Talvez não fosse eu, e fosse as
almas perdidas tomando conta de mim.
Talvez não fosse eu fingindo ser quem já sou.
Talvez não fosse, e fosse, enfim, a
solidão tomando partido em mim.
Talvez fosse eu, e
eu não sabia.

continua...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A menina dos olhos de lupa


Olhando para a menina.

Dos olhos cheios de lágrimas, fez-se a bruma do dia.

A menina está tão cansada, que mal suporta abrir os olhos.
As ruas não merecem o seu olhar.
Os homens não merecem seu perdão.

Tão pobre menina de olhos demais!
Não te fartas desta vida?
Beijaste a morte. Profana!

Pobre menina dos olhos!
Almoça com baratas mortas.
E deixa a tv ligada, pra não se sentir tão só.

Pobre menina!
Sempre busca alguém... e jamais encontra.
Nas pessoas? Peles, colos, sexo, bocas.
Bocas demais! Que falam ainda mais
e nada dizem.

-

Sonhando pela menina.

Se te fosse um pouco menos moça, e
a alma não te fosse tão velha.

Se não tivesse esse cansaço infidável..
Se não tivesse esses olhos que te carregam..
Ah! Se não os tivesse..talvez fosse bem melhor.
Mas que iria te carregar
Se tu és tristeza e peso?!

És tão só, e tão pequena..
Teus olhos pesam no meu espelho.

Quem sabe, então, te chamasse Lia e rimasse com via
mais direta ao coração..
Quem sabe, então, te chamasse Lia e rimasse com Marvin
e então os dois seriam canção..
Quem sabe, então, te chamasse Marvin e fosses homem que rimasse com Lia
que seriam dois. E seriam um.
Médios em tudo. Em quase tudo.

continua...

domingo, 5 de agosto de 2007

A menina dos olhos de lupa

O inicio de uma história sem fim...


Ela acorda, e nem parece que vive. Respira cansada e afaga os cabelos como forma de esvaziar a mente. Resiste ao sono, e levanta lentamente.
Não há nada de novo.
Banha-se, então, de anseios e medos. Carrega a mochila e prepara seu dia. Caminha pela rua como quem passa fechando portas e carregando nuvens cinzas, prontas para chover. Seus olhos vagam por entre as pessoas, os animais e os lugares.
As bocas, incansáveis, chamam seu nome. Os outdoors exclamam, em propaganda vazia, seu nome, e ela farta-se de si.
Lembra-se da sua nudez diante do espelho, dos seus 'culotes' mal desenhados, seus ombros largos, suas coxas tão largas, busto sutil e braços fortes. Fizeram-lhe em tudo errada, mas deram-lhe dois olhos, e compensaram todos os seus defeitos. Olhos que enxergam. Olhos de raio-x. Ela, e seus olhos de lupa.

continua..