sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A menina dos olhos de lupa

A menina e o sonho

O tempo passava em conta-gotas.
A menina girava. E dentro da menina, uma menina girava.
O dia estava quente. Um caleidoscópio colorido e incesssante de cores e odores girando, girando em contra-mão.
A menina dormia. E dentro da menina, uma menina dormia.
Só havia silêncio e suor.
O colchão a expulsava. A janela a prendia. O colchão a deleitava. A janela a esquecia.
Na cozinha a torneira pingava, gota a gota - como o tempo - uma sinfonia desnecessária.
A menina chorava. E dentro da menina, uma menina chorava.
A mesa, os relógios, as canetas, os papéis: tudo derretia como as figuras de Dali.
Vida? É um joguete cruel do De(u)stino.
E a menina morria. E dentro da menina, morria algo mais que apenas uma menina.