quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A menina dos olhos de lupa

A menina e a manhã de domingo

A manhã desperta úmida e fria.
O sol, ainda atrás das cândidas cobertas, acorda a Menina no velho colchão descoberto, no meio da sala vazia, em frente à TV ligada.
Os olhos abriram displicentemente.

O ar úmido que penetrava a janela semi aberta e balançava as cortinas encardidas, irritava seu nariz, e ela, inconscientemente, espirrava.
Era mais uma
manhã de domingo, desses domingos sem fim nem começo. Aqueles domingos frios e tristes, em que se quer ficar deitado, embrulhado, dormindo, até que o dia acabe, para despertar corajoso da simples certeza de não ser mais domingo.
Mas que se há de fazer deitado um dia inteiro num colchão velho e bolorento; numa sala desmobilada; frente a um TV desregrada; debaixo de finas cobertas?
Para a Menina (e metade dos humanos que vivem o domingo morto) não há fuga. Ou ali, pensando e remoendo o que se viu e viveu, ou na rua, vendo mais coisas que depois, mais cedo ou mais tarde,virarão pensamentos dolorosos de domingo...
Ela desperta preguiçosa, senta no colchão cobrindo, sem perceber, as pernas com o fino lençol; olha a TV e o barulho irritante das corridas de formula um e seus narradores alucinados;
Sente o o vento frio adentrar pela janela, sacudindo as velhas cortinas; Acende o cigarro amassado que estava no chão, e deixa o domingo queimar em pensamentos, como queima o tabaco no cigarro acesso.

6 comentários:

Anônimo disse...

narrações de uma manhã modorrenta e enfadonha de mais um domindo que se esvai na monotonia ?
:)
é sim.
é um caso.

muito bom :)
Quer saber? quer?
<3

Karlinha disse...

Como sempre, perfeitamente demonstrando a vida em preto-e-branco.


Te aamo.

E qualquer dia desses, a gente colore um pouquinho aqui, um bocadinho ali...


;**

Simplesmente Samelly disse...

Pior, minha linda, é que domingos, pra mim, são intragáveis (não tem cigarro que dê jeito).

Corra pra escrever logo outro texto e livrar a menina de mais um DÓ-mingo.

Beijo recitado

Josy Poulain disse...

Clarisseeema!

Ainda bem que faz mt tempo que não tenho um domingo assim...
*
*
*
Xero!!

Diogo Testa disse...

domingo é um dia mágico neh?

todo mundo q eu conheço e tem um zero de sensibilidade percebe. Domingo não é domingo atoa.

tiveram várias coisas no seu texto com as quais eu me identifiquei: a despertenção (sentimento de não pertencer) da garota ao meio. O próprio domingo sem pé nem cabeça, e essa relação entre o interior e o exterior não correspondente.

seus textos são ótimo clari, continue postando que eu adoro ler

Diogo Testa disse...

*à toa / *são ótimos