terça-feira, 6 de abril de 2010

Confusão ou Não sei rimar amor com dor ou Domingo

Resquícios de muito tempo atrás:

Não sei rimar amor com dor. Também não gosto de rimas. Os dias são sempre iguais nessa janela, entre essas paredes, dentro deste ser.

Ontem o tempo estava amarelo na minha janela; ontem o tempo cantou solidão por entre os varais. Roupas molhadas, tanque vazio.

Ontem era domingo. Meio-dia, gotas na janela, cinza no céu. Todo dia respinga domingo, em cada bocejo, alguém que partiu.

- É domingo, é domingo...é dia de morte n’alma. Mas domingo tem bingo, quem sabe não ganho de volta minha calma?

Calma liberdade de ser fugaz; ser palavras que negam dança; ser pedra no pé e calo na mão; ser-tempo; sem tempo de calma que clamam os vãos. E os calos calaram pr’ouvir a canção.

Mas ninguém mais canta domingo na igreja, todos lamentam lembranças nas preces, e temos pressa. Domingo não passa. Pensei que envelhece o padre na missa, mas o que me padece é o sino. Bate em mim um sino diferente do da igreja.

Que sino bate na menina cujos olhos nos meus peleja? Que badalos nela embalam? E que homem a entende se seus olhos são blindados; se seus olhos são de faca?


Clarissa Santos e Diogo Testa


3 comentários:

Raissa - Cunhada disse...

Que coisa linda esse seu blog. Adorei a sensibilidade... Internet é uma negocio muito louco quando voce percebe que dá pra compartilhar esse tipo de coisa com os outros... Ou não né, apenas escrever. Guarda esses teus posts. No computador, num pen drive, sei lá. Um dia pode ser que você canse de escrever só pra blog, ou transfira os seus pensamentos pra outro lugar. Aí vc vai ter tudo guardado ... depois de um tempo ve como é bom reler o que já escreveu ...
Xero bem grande!

Maria disse...

Posso dizer que também não gosto de rimas.

[Até uma confusão pode ser bonita, pois não?!]

Beijos doces

Daniela Filipini disse...

Olhos blindados, queria eu tê-los.