sábado, 17 de abril de 2010

A menina dos olhos de lupa

A menina e os ponteiros

Não sei do mundo, mas aqui as coisas têm sido bastante confusas. De vez em quando me deparo com esse silêncio interno, um silêncio alheio. Da personagem que me fiz, só restou a estranheleza. Aqui nada se encaixa; tudo parece mal feito e amorfo. Passei a construir pequenos castelos no jardim, para vê-los, um após o outro, lentamente, desmoronar. De repente, não faz diferença se as bases são sólidas ou inconstantes, tudo sempre desmorona, em algum momento.
A fuga de um tempo que já não me pertence é árdua, lenta, massiva. Mas termino cada passo com a certeza que estou mais longe do que jamais estive. A cada passo habito um novo mundo, ao qual não retornarei. Passo a passo, passo o tempo e ficam para trás mais segundos de vida, que, de todo modo, sempre pertenceram aos ponteiros, jamais foram meus.

5 comentários:

Luisa Cutrim disse...

Lindo texto! O tempo sempre enche e esvazia num piscar de olhos. Talvez essa seja sua beleza!

Daniela Filipini disse...

Essa confusão que você citou está presente das palavras, assim como suas incertezas. Então me pergunto: como não tê-las?
Impossível, é fato. Qual seria a graça de conhecer tudo muito bem? A sensação de descoberta é sempre melhor...

Maria disse...

Não vejo tanta diferença assim do mundo...

[Quanta sensibilidade!]

Um beijo

Luciana Clarissa disse...

lindo, suave, doce clareza.
tua alma está MESMO aqui, menina.
beijos

Carolina de Castro disse...

Tudo um dia sempre acaba.
Mas pelo menos, alguma coisa nasce no lugar!!
Bjos